
Introdução
Diversas formas de aproveitamento do fruto do imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda), tais como suco, doce, imbuzada, licor, xarope e geléias, demonstram o potencial que a espécie tem para contribuir com a melhoria da renda familiar da região semi-árida do Nordeste, de forma especial, com a sua industrialização caseira (Mendes, 1990).
A colheita do fruto do imbuzeiro, na época da safra, é uma das principais fontes de absorção de mão-de-obra e de renda dos pequenos agricultores.
A geléia do fruto do umbuzeiro é um concentrado composto de 1000 ml de água do cozimento dos frutos e 500 g de açúcar submetidos ao fogo, até que o conteúdo de sólidos solúveis alcance valores entre 65 a 70%. Esta concentração pode ser obtida após 45 minutos de cozimento. A geléia pode ser obtida de frutas inteiras ou em pedaços, da polpa ou do suco de frutas, adicionadas a partes de açúcar, água, ácidos e/ou pectina. A geléia de frutas é uma substância de consistência gelatinosa e translúcida.
Este trabalho teve como objetivo produzir geléia com frutos do imbuzeiro.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado no período de janeiro a março de 2005. Foram colhidos os frutos no estádio de maturação do tipo imbu inchado (estágio entre o imbu verde e o maduro). Os frutos foram coletados em árvores de imbuzeiro localizadas na caatinga da Estação Experimental da Embrapa Semi-árido em Petrolina, PE.
Os frutos para o preparo da geléia foram lavados em água corrente e posteriormente imersos em uma solução de água, com 10 a 20 ppm de cloro, para sanitização dos mesmos, por 30 minutos. Posteriormente, foram lavados novamente em água corrente e potável.
Após a lavagem, os frutos devem foram cozidos inteiros com a casca, retirando apenas o pendúculo, em um recipiente com água, por um período entre 8 a 10 minutos, logo após o início da fervura, quando os frutos apresentarem uma coloração verde claro, foi escorrida a água com uma peneira.
A água proveniente do cozimento dos frutos foi passada em uma peneira fina para a retirada de possíveis partes da casca dos frutos e medida para o processamento adequado da geléia.
Resultados e Discussões
Para o processamento da geléia, adicionou-se para cada litro da água proveniente do cozimento do imbu, 500 g de açúcar cristal e 4 g de ácido cítrico e/ ou o suco de 1 limão.
Misturou-se o açúcar com a água, até a perfeita dissolução do açúcar. Depois, adicionou-se o ácido ou o suco do limão e levou-se a mistura ao fogo. O ácido cítrico foi dissolvido em um pouco de água antes de ser adicionado à mistura.
A mistura permaneceu ao fogo por 45 minutos, até adiquirir uma cor avermelhada com bastante espuma. Neste ponto, retirou-se uma pequena porção que foi colocada em um pires para esfriar por 3 minutos, para verificação se a geléia estva no ponto.
Após o preparo da geléia, foram realizados três testes de degustação, com uma amostra de 34 provadores, selecionadas ao acaso, com o objetivo de se determinar se a geléia apresentava as características organolépticas (aparência, sabor e acidez) correspondentes ao tipo de fruto utilizado para o preparo.
A geleia foi analisada sensorialmente quanto à aparência, sabor e acidez, utilizando-se o método para avaliação sensorial proposto por Moraes (1985) com o uso de uma escala hedônica de 9 pontos.
A preferência dos provadores em relação de aparência, sabor e acidez para a geléia do fruto do imbuzeiuro do tipo inchado, obteve o atributo "gostei muito" da aparência e do sabor, respectivamente, por 75 e 84% dos provadores. Em relação à acidez, a geléia foi apontado como pouco ácida por 50% dos provadores, indicando preferência na faixa de "gostei regularmente".
Conclusões
A produção de geléia com o fruto do imbuzeiro, pode ser uma alternativa alimentar e/ou fonte de renda para os pequenos agricultores que fazem seu extrativismo.
Referências Bibliográficas
MENDES, B. V. Umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.): importante fruteira do semi-árido. Mossoró: ESAM, 1990. 66p. (ESAM. Coleção Mossoroense, Série C - v. 554).
MORAES, M. A. C. Métodos para avaliação sensorial dos alimentos. 5. ed. Campinas: UNICAMP, 1985. 89p.
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